ESG; Capitalismo Saudável; Capitalismo de Stakeholders; Capitalismo Consciente; Economia Colaborativa; Economia Circular; Economia Compartilhada; Economia Criativa; Economia Regenerativa; Consumo Consciente; Consumo Eficiente; Justiça Climática, e por aí vai...
Todos esses novos conceitos fazem parte do que hoje chamamos de Nova Economia: novos tempos, novos termos que traduzem uma consistente tentativa humana de permanecermos vivos, produtivos e em necessária evolução existencial!
Meu nome é Camila Storti, sou uma pessoa que está em constante busca desta tal “evolução humana”, na Terra. E com esta energia e vontade, fundei a Abissal - Capitalismo Saudável, em Goiânia GO, em 2006, um período de grandes transições globais. Um período em que os termos citados acima, estavam sendo cuidadosamente tecidos, experimentados e cunhados para que um futuro melhor fosse possível, para todos.
Mas, vamos começar pelo termo (que já virou um acrônimo, ou, uma sigla que pode ser lida como uma nova palavra, e não necessariamente letra a letra), que é o tão falado ESG: Environmental, Social, Governance.
Este acrônimo refere-se a um conjunto de práticas e critérios que as empresas podem adotar para garantir a sustentabilidade do meio ambiente, a justiça social e a boa governança corporativa. A origem do termo ESG é incerta, mas alguns afirmam que ele foi criado por uma iniciativa conjunta da KLD Research & Analytics e da Domini Social Investments.
A KLD Research & Analytics foi fundada em 1988 como uma empresa independente de pesquisa de investimento socialmente responsável. A Domini Social Investments foi fundada em 1991 como uma empresa de investimento socialmente responsável. Essas empresas trabalharam juntas para criar um conjunto de indicadores que poderiam ser usados para avaliar o desempenho das empresas em relação a questões ambientais, sociais e de governança.
É verdade que o ESG foi popularizado após o lançamento dos Princípios do Pacto Global das Nações Unidas em 2004. O Pacto Global pediu às empresas que se comprometessem a adotar políticas e práticas socialmente responsáveis, incluindo questões ambientais, sociais e de governança.
Mas quem fez este novo conceito ganhar força mesmo, para valer, de cima para baixo e de forma avassaladora, foi Larry Fink, fundador e CEO da BlackRock. Fink é amplamente reconhecido como um dos primeiros impulsionadores do conceito de ESG em Wall Street e no mundo dos negócios. Ele acredita que o sucesso financeiro deve estar alinhado com uma postura socialmente responsável e sustentável, com todos os atores envolvidos em um negócio: o Capitalismo de Stakeholders.
Em 2018, Larry Fink assinou uma carta aberta aos CEOs das suas empresas investidas, alertando e incentivando as mesmas para que não focassem apenas no lucro financeiro, mas também em seu impacto social e ambiental, pressionando-as a adotarem as métricas ESG com o mesmo rigor, que até então elas adotavam suas métricas financeiras, inclusive colocando em risco a própria continuidade do investimento da BlackRock, caso essas medidas não fossem devidamente adotadas.
A BlackRock, sob a liderança de Fink, tem adotado uma abordagem ativa em relação às questões ESG, e de lá para, iniciou-se uma verdadeira “corrida” dessas empresas investidas, que são consideradas as maiores e mais relevantes do mundo (como Apple, Microsoft, Amazon, Alphabet, empresa-mãe do Google, Facebook, Berkshire Hathaway, JPMorgan Chase, ExxonMobil, Johnson & Johnson, Procter & Gamble, etc).
A BlackRock é a maior gestora de ativos do mundo (atualmente estima-se que a mesma administre o montante de 10 trilhões de dólares por ano), portanto, a postura de Fink em relação ao ESG tem tido um grande impacto no mercado financeiro e na percepção geral do público em relação à importância dessas questões. Hoje em dia, a maioria das empresas importantes e investidores sofisticados dedica uma parte significativa de seus recursos para avaliar as questões ESG.
E, para uma empresa traduzir suas métricas ESG, ela precisa considerar sua “cadeia de valor”, ou seu Ciclo de Vida de Produto, o que inclui seus fornecedores (a montante e a jusante), ou seja, estamos falando de uma corrida em busca de métrica ESG que cascateou em todo o mercado global, independente de seu porte e setor da economia.
Além, dessa pressão externa vinda do “mainstream” do mercado financeiro, outro fator que corrobora para essa urgência de adequação das empresas, para a pauta ESG, outro fator preponderante, é a ascensão da nova geração de consumidores, em especial os “millennials” (25 a 40 anos) e a “gen Z” (9 a 24 anos), que está forçando as empresas a repensarem suas práticas comerciais e adotarem uma postura mais socialmente responsável. Esses consumidores estão muito mais conscientes sobre questões como meio ambiente, igualdade de gênero, diversidade, ética nos negócios e direitos dos animais, entre outras pautas inerentes aos critérios ESG.
Por isso, as empresas que desejam se manter competitivas no mercado precisam se adaptar a essas exigências e demonstrar um compromisso real com a sustentabilidade e responsabilidade social, e se posicionarem com compromissos ESG.
Portando, na indústria da construção civil, a urgência em se adotar as práticas ESG, não é diferente. A boa notícia é que, ao trazer essas métricas para a estratégia de negócio, muitos ganhos são percebidos (para além do cumprimento das novas exigências dos bancos e fundos de investimentos), como: a redução do impacto ambiental, seus riscos de multas, perdas e danos; a promoção da segurança e a saúde dos trabalhadores; a melhoria contínua e eficiência em seus processos, reduzindo desperdício, retrabalhos e economizando custos; a transparência da gestão corporativa, a melhoria da reputação da marca; a atração de investidores e a fidelização de clientes que valorizam a sustentabilidade e a responsabilidade social das empresas.
Algumas das práticas ESG que podem ser aplicadas na construção civil incluem:
- Desenho que projetos que de fato contribuem com uma urbanização consciente;
- Uso de materiais sustentáveis e recicláveis na construção, como madeira certificada, tijolos de solo-cimento, entre outros;
- Redução do consumo de energia e de água nos canteiros de obra, através do uso de tecnologias mais eficientes;
- Gestão adequada dos resíduos gerados na obra, com a reciclagem e a reutilização de materiais sempre que possível;
- Garantia de condições adequadas de trabalho para os funcionários, incluindo a segurança no canteiro de obra, a oferta de equipamentos de proteção individual, entre outros;
- Promoção da diversidade e da inclusão no ambiente de trabalho, através da contratação de funcionários de diferentes origens e culturas;
- Transparência na gestão corporativa, com a adoção de práticas éticas e responsáveis em todas as etapas do processo construtivo.
A pauta é densa, as mudanças são urgentes e estruturais, mas, para iniciar é simples: basta um primeiro passo nessa jornada. E este passo precisa ser dado pelos donos, sócios, conselhos ou dos tomadores de decisão dos negócios, com uma decisão inteligente: assim como indivíduos que somos, suas empresas também precisam se manter vivas, produtivas, relevantes e em constante evolução.
No final, quando falamos em todos esses novos conceitos, estamos falando exatamente disso: perenidade das pessoas, do planeta e das empresas.
Goiânia, 15/06/23